Editorial v.35 n.1 (2025)

Editorial v.35 n.1 (2025)

Wassily Kandinsky (1866–1944). Composition VII, 1913.

A presente edição reúne quatro artigos que, cada um a seu modo, exploram os desafios e contradições das lutas por direitos e da consolidação de políticas sociais na conjuntura atual. Ao articular reflexões sobre movimentos sociais urbanos, desigualdades raciais e de gênero, e os impasses institucionais da assistência social, os textos oferecem um mosaico de análises críticas sobre como diferentes sujeitos e contextos enfrentam a exclusão e problematizam alguns horizontes de cidadania.

Em Mulheres em luta na cidade: gênero e raça em movimentos sociais urbanos, o protagonismo das mulheres, sobretudo negras, é evidenciado nas lutas por moradia e contra a violência de Estado, revelando como a maternidade e o luto podem se transformar em forças políticas. Já o artigo Uruguai e o suicídio de mulheres afrodescendentes: um estudo introdutório, demonstra a ausência de dados e políticas públicas sobre o suicídio de mulheres negras, interpretando-o como expressão extrema do racismo estrutural e da colonização da subjetividade. Ambos apontam para a centralidade da resistência feminina e negra como produção de novas formas de vida e de luta política.

Em outro eixo, Assistência Social: terra de ninguém discute a indefinição do campo socioassistencial no Brasil, marcado pela sobreposição de voluntários, agentes religiosos e profissionais de diferentes áreas, o que reforça práticas assistencialistas e fragiliza a política pública. Nesse campo o artigo Monitoramento da rede socioassistencial privada do SUAS em Goiânia/GO analisa a experiência concreta de monitoramento e avaliação de parcerias entre o poder público e organizações da sociedade civil. O estudo mostra avanços, limites e contradições desse processo, revelando como a gestão da política pode oscilar entre inovação institucional e precariedade.

Lidos em conjunto, os quatro artigos não apenas iluminam realidades diversas ao revelar as tensões entre resistência social, racismo estrutural e fragilidade das instituições. Convidamos o leitor a percorrer essas reflexões que unem análise critica e engajamento ético, compondo um quadro instigante sobre as lutas contemporâneas por justiça social, direitos e democracia.

Miriam Krenzinger
Doutora em Serviço Social (PUC-RS) e professora titular da ESS-UFRJ. Editora-chefe da Revista Praia Vermelha.

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